
Trata-se aqui questões que abordam a gestão democrática da escola em que abrange as práticas curriculares e avaliativas que marcam o cotidiano das escolas brasileiras, a importância do projeto político pedagógico na organização escolar e proposta de organização escolar pautada na gestão democrática da escola.
Em primeiro lugar, para compreender esta gestão democrática deve-se entender o conceito de currículo escolar que é uma das dimensões da escola. No currículo escolar encontra-se uma diversidade de conteúdos tratando das disciplinas mostrando as experiências escolares de aprendizagem, ou seja, trata de planos de estudos e de programas de ensino, no qual é organizado com base na visão funcionalista da escola e esses conteúdos devem ser passados pelo professor aos estudantes. A esse currículo também pode-se atribuir o conceito de modelo tecnicista, pois é baseado na reordenação do processo educativo.
Com o passar dos anos a escola vem sofrendo mudanças que consequentemente modifica o currículo escolar. Muitos teóricos criticavam o modelo tecnicista, entretanto, a partir de 1980 educadores passam a analisar esse modelo com outros olhos compreendendo que a organização curricular privilegia o ensino e a aprendizagem como processo, refletindo acerca das implicações sociais, políticas, econômicas e culturais sobre o currículo escolar, além de suas maiores implicações.
Os currículos direcionados para a Educação Básica são implementados em documentos encaminhados pelo Ministério da Educação com orientações e diretrizes para a organização curricular de forma integrada promovendo a unidade das disciplinas que o compõem. Assim, essa integração busca a interconexão entre diferentes conteúdos de disciplinas distintas, com o fim de analisar um problema ou tema sob o ponto de vista que abrange as outras áreas do conhecimento.
Contudo, se o currículo é tudo o que acontece na escola, logo isso é analisado através de uma avaliação feita pelos membros escolares no processo ensino-aprendizagem, onde é através dessa avaliação que se pode chegar a conclusão se as metas propostas do projeto pedagógico foram alcançadas ou não. Assim a avaliação é algo que está muito presente na experiência cotidiana escolar sendo intencional e sistemática. E da mesma forma como o currículo sofre mudanças, a avaliação também está sujeita a essas modificações, pois a maneira como é efetivada a avaliação na escola se relaciona à concepção teórica que orienta a organização curricular. Mas essa mudança não ocorre totalmente, como o processo é lento algumas maneiras de avaliar continuam sendo executadas ata hoje, por exemplo, avaliações por meio de provas ou testes com questões de múltipla escola, cruzar respostas corretas, escrever a resposta etc.
Com uma visão mais geral a avaliação julga a classificação do aluno frente ao alcance ou não dos objetivos educacionais. A reprovação de um aluno significa que ele não foi capaz de alcançar seus objetivos e nem obter o conhecimento suficiente para passar de ano, isso é um modelo classificatório de avaliar. Esse tipo de avaliação requer maior rigorosidade, ou seja, tem que levar em conta o contexto social em que o aluno está inserido. Para romper com a avaliação classificatória, é necessário romper com o modelo de sociedade e com a organização escolar que o traduz. Dessa maneira, pode-se observar que não há uma regra para avaliar, mas não pode esquecer que a avaliação relacionada com a organização da escola.
Contudo, não se pode tratar da organização escolar sem levar em conta o Projeto Político-Pedagógico (PPP) que está presente em qualquer escola, pois ele contribui para a organização das atividades escolares, articulando teoria e prática como dimensões de uma mesma unidade pedagógica materializando a organização escolar.
Cada escola tem que elaborar seu Projeto Político-Pedagógico e sua execução tem que ser de modo compartilhado com a comunidade. O projeto representa a oportunidade de a direção, a coordenação pedagógica, os professores e a comunidade, tomarem sua escola nas mãos, definir seu papel estratégico na educação das crianças e jovens, organizar suas ações, visando atingir os objetivos que se propõem obedecendo sempre conjunto complexo das diretrizes tecidas em processo para a efetivação da gestão do cuidado na educação. O Projeto Político-Pedagógico é um processo contínuo, nasce do coletivo, se renova, se refaz, se movimenta, dança conforme as exigências da realidade em que a instituição está inserida, pois isso esse projeto é sempre intencional.
Como o Projeto Político-Pedagógico é algo que é formado em coletividade para concretizá-lo é necessário que a escola e os sujeitos que a constituem saiam do isolamento, pois para que seu planejamento seja coerente suas formulações devem ser construídas pelo coletivo dos sujeitos.
Visto que a organização do trabalho pedagógico não é uma tarefa fácil devido ao trabalho coletivo, ele é muito importante numa gestão democrática escolar. Essa gestão é de extrema importância, na medida em que desejamos uma escola que atenda às atuais exigências da vida social: formar cidadãos, oferecendo, ainda, a possibilidade de apreensão de competências e habilidades necessárias e facilitadoras da inserção social e é responsável pela política escolar que cria alternativas coletivas para que as crianças e jovens aprendam a conviver coletivamente fazendo com que a escola tenha uma boa qualidade e que proporcione sociabilidade e socialização de conhecimentos fundamentais para situar e integrar os educandos à sociedade. Lembrando que a educação é um instrumento primordial que viabiliza a prática da gestão democrática, porém a escola não é a única instituição de nossa sociedade que tem a função de educar para a cidadania. Além disso, proporcionar um melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de sua dinâmica das relações da escola com a comunidade, favorece uma aproximação maior entre professores, alunos e pais. Também a democratização deve garantir acesso e estratégias para que ocorra a permanência dos alunos na escola, tendo como horizonte a universalização do ensino para toda a população, bem como o debate sobre a qualidade social dessa educação.
A escola pode ser aberta à participação da comunidade escolar ou a escola pode não incentivar a participação, isso recebe o nome de escola democrática e/ou autoritária. As escolas entre si possuem suas similaridades em relação as estruturas de administrações hierárquicas e burocráticas, assim como as visões funcionalista, estruturalista e também a visão reprodutivista, seguindo assim práticas autoritárias. A democracia, nesses casos, nomeia formas legais e institucionalizadas que funcionam como rótulo. Contudo, essas escolas podem ter espaços para a participação de famílias e estudantes, como Associação de Pais e Professores, o Conselho de Escola e o Grêmio Estudantil, na formulação de políticas educacionais, no planejamento, na tomada de decisões, na definição do uso de recursos e necessidades de investimento, na execução das deliberações coletivas, nos momentos de avaliação da escola e da política educacional. Porém, a participação nesses espaços não é incentivada e algumas tomadas de decisões não são levados em conta.
Uma escola não funciona perfeitamente como se pensa, pois ela composta por varias pessoas que tem diversas opiniões, singularidades, culturas. Logo com isso, é necessário aprender a conviver em coletividade para que os ensinamentos e aprendizagens tenham um resultado positivo. Sua gestão é administrativa e pedagógica uma vez que se faz necessário uma organização didática e pedagógica que leve em conta a pluralidade de sentidos, vozes, ritmos e tempos que convivem cotidianamente no espaço escolar.
Postado por Ana Paula Buratto
14 de maio de 2010
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